"Chega de falar de mim, vamos falar de você por um minuto. Chega de falar de você, vamos falar da vida por um momento. Os conflitos, as loucuras e o som das pretensões caindo por todos os lados..."

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Veludo Azul


Uma orelha. Quem diria que uma orelha seria o início de uma descoberta sobre a realidade de um mundo não tão singelo, aconchegante e feliz como se imagina, pelo menos na visão do inocente Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan). Ao encontrar uma orelha humana em um terreno baldio, Jeffrey busca por respostas e acaba encontrando mais do que poderia imaginar. Sua investigação o leva até a cantora de boate Dorothy, interpretada com maestria por Isabella Rossellini. Dorothy é sadomasoquista, tem um caso com Jack (Dennis Hopper) um homem insano e traficante de drogas e ela ainda guarda um grande mistério familiar. David Lynch conta sua história em um suspense que prende, choca e emociona. Uma história construída com diálogos fortes que questionam as atitudes humanas. Lynch também quer mostrar o embate entre duas realidades: a que [às vezes/talvez] não vemos e a que realmente existe.

Quanto mais Jeffrey adentra no caso que resolveu investigar, mais ele questiona o que vê e mesmo chocado com essa realidade, até mesmo percebendo o perigo que corre, resolve ir até o fim. Jeffrey representa muitas pessoas que vivem em um mundo à parte, que deliberadamente, ou não, preferem evitar aquilo que está diante dos olhos: Um mundo cruel, com pessoas completamente diferentes que muitas vezes representam o que de pior um ser humano pode ser. A realidade não é tão simples. Por mais que fujamos, ela nos encontrará e mostrará tudo que é preferível evitar. Difícil enfrentar o que não se conhece, o que diante de nós é aberração. Mas Lynch não tenta, em nenhum momento, fazer um juízo de valor. A realidade está lá, os dois mundos estão. O Belo e o Trágico.

Lynch apresenta uma obra irretocável, conduz os atores de uma forma delicada, arrancando grandes interpretações de um elenco perfeito para uma obra desse nível. Veludo azul ainda conta com uma ótima trilha sonora, com grande destaque para a música “Blue Velvet” que é tocada diversas vezes durante o longa. Suspense, trama policial, questionamentos acerca da realidade, do ser humano... são coisas que poucos diretores conseguem fazer e transmitir de forma tão peculiar e, óbvio, David Lynch é um deles, um grande afortunado.


“Mundo estranho, não?”.

2 comentários:

  1. ah filme lindo, intrigante..a frase no fim do filme já diz tudo " mundo estranho,não?"
    é justamente isso que o Linch quer mostrar o mundo estranho, porque o mundo belo só nos sonhos mesmo.

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  2. Ótimo blog! Mtas das coisas q eu gosto mto: Alanis Morissette, PJ Harvey, The Kills, David Lynch e principalmente Patti Smith na descrição. Além disso, uma ótima escrita. Parabens e continue escrevendo!

    Sávio Lopes

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