"Chega de falar de mim, vamos falar de você por um minuto. Chega de falar de você, vamos falar da vida por um momento. Os conflitos, as loucuras e o som das pretensões caindo por todos os lados..."

domingo, 15 de fevereiro de 2009

POE - HAUNTED


No ano de 1996 a cantora, compositora e produtora Annie Decatur Danielewski, mais conhecida como POE (seu nome artístico) lança seu primeiro álbum de estúdio, o ótimo “Hello”. O disco é um bom trabalho de estréia, porém é no ano de 2000 que essa artista nos apresenta o seu mais instigante trabalho, intitulado “Haunted”. O álbum possui uma identidade própria, um conceito buscado no livro "House Of Leaves" do escritor e irmão de Poe, Mark Z. Danielewski. A faixa de abertura é “Exploration B”, que inicia com uma chamada telefônica e um trecho cantado à capela pela artista. Logo somos apresentados à faixa que dá nome ao álbum: “Haunted”. De cara, somos levados ao ano de 1996 e à canção “Hello”. Por quê? Não há como não lembrar, ao ouvir os primeiros segundos de “Haunted”, da música “Hello”. Pode parecer bobagem (não, não é bobagem!), porém não há como não relacionar as duas faixas, principalmente por serem as faixas títulos de seus álbuns e pelo “la ra la ra la ra” de “Hello” e o “pa ra pa pa pa ra pa pa” de “Haunted”. Detalhes à parte, “Haunted” abre com chave de ouro um álbum extremamente atmosférico, com canções melancólicas como: "Spanish Doll", uma das melhores do cd. O violão e a voz de Poe nos remete de forma sutil ao “Spanish” da canção, sem contar alguns trechos cantados em espanhol pela artista. Uma canção extremamente sensível e nem um pouco forçada. Falando em atmosférico, Poe surpreende ao pôr em seu trabalho gravações do seu falecido pai que a cantora só chegou a ouvir muitos anos após sua morte. Podemos ouvir essas gravações em faixas isoladas ou incluídas em suas próprias canções, o que nos leva a um mundo particular pertecente à Poe, mas que todos podem se identificar. O primeiro single de Haunted foi “Hey, Pretty”. Nessa canção ouvimos trechos do livro de seu irmão narrados por ele mesmo.

O álbum é repleto de músicas longas, porém, não torna o álbum cansativo, pelo contrário, o faz ainda mais gostoso de se ouvir. Como exemplo temos “Control”, que possui 6:03 e uma das melhores letras do álbum e que considero também uma das melhores músicas do cd. Poe dá uma interpretação particular à essa canção, assim como a todas as outras e é isso que a faz uma artista exemplar. Poe oferece verstilidade em cada uma de suas músicas, tornando-as diferentes dentro de um mesmo contexto. Wild é a faixa mais longa (9:00 minutos) e instigante do álbum. É uma canção difícil de definir, talvez se fosse menor ela não fosse boa, porém é uma canção incompleta. O detalhe está na referência que Poe faz ao seu primeiro trabalho (Hello). Aos 7:10 podemos ouvir um pequeno trecho da música “Hello”, o famoso “la ra la ra la ra”.

Poe nos oferece em seu Haunted canções rock n’roll como “Beat Of My Own Drum” e “Not A Virgin” (que pelo título já nos faz pular diretamente para ela) e mais melancolia em “5 And A Half Minute Hallway”, “Amazed” e a já citada “Spanish Doll”. A canção que finaliza o álbum se chama “If You Were Here”. A música é um belo diálogo entre pai e filha (nos primeiros segundos podemos ouvir Poe sussurrar “I miss you”) associado à uma linda melodia.

Haunted é um álbum diferente, trabalho de uma artista que merece um reconhecimento pela forma como consegue traduzir em suas canções uma sensibilidade expressada tanto pela sua voz quanto pelas suas composições irônicas e melancólicas. Desde o re-lançamento de Haunted em 2004, Poe não nos presenteia com um novo trabalho. Espero que toda essa demora seja recompensada com um álbum que nos remeta mais uma vez à um mergulho em um mar de sentimentos como foi feito no maravilhoso Haunted.

2 comentários:

  1. Com essa resenha terei mais prazer ainda de reservar algumas horas para poder ouvir, entender e deliciar-me com essa obra!

    =]

    By Leo

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